Assim que entrámos, o Zé guiou-me até um espositor com jóias que valiam mais que o meu peso em ouro. Depois demosuma volta para observar as máquinas, e comecei a sentir-me mesmo dentro deum filme. Finalmente, fomos para o segundo andar, onde o Zé trocou uma nota de 20€, e começou a jogar Roleta, apostando com apenas cinco euros. Ainda chegou a conseguir ter 12 euros de saldo, mas acabou por perder tudo, e eventualmente saímos de lá quando ele recuperou os 5 euros com que iniciou o jogo. Eu, não tendo dinheiro, limitei-me a observar o que me rodeava.
O pessoal que trabalha o casino, veste-se impecavelmente, e fez-me sentir que a minha roupa não era muito adequada - apesar de, diga-se de passagem, eu estava muito mais bem vestido do que umas quantas personagens com que nos cruzámos.

Sou do tipo de tentar olhar discretamente sem ser descoberto. Mas às vezes acontecem-me destas coisas... Esta situação, embora tenha ocorrido num curto espaço de tempo, deixou-me curioso para saber mais sobre o rapaz. Até nem é mau de todo eu não o conecer e não saber nada acerca dele - é das formas que posso inventar uma história de vida para ele que seja interessante. Será que a rapariga com quem estava era namorada, ou amiga, ou irmã? E se ela fosse namorada, será que ele era hetero, ou bi, ou gay a tentar esconcer a sua própria sexualidade? Será que quando me olhou de alto abaixo, tinha intenções de parecer agressivo, ou simplesmente demonstrar que estava a gostar do que viu? Será que sentiu o meu olhar como uma ameaça, ou como um convite?
Nunca se saberá... As apostas estão em aberto, mas este de inventar a história de desconhecidos é um jogo que nunca acaba.
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